quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Passo a passo: saiba como um carro é reciclado e vira aço para a indústria e construção civil

Passo a passo: saiba como um carro é reciclado e vira aço para a indústria e construção civil Fernando Gomes/Agencia RBS
Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Para diminuir a superlotação dos depósitos de veículos, o Detran gaúcho iniciou há quatro anos um projeto que já reciclou mais de 16 mil carros. Na ação, eles são triturados e transformados em aço para a indústria ou para a construção civil.
Conforme o chefe da Divisão de Depósitos do Detran, Antônio Barbará, a maioria dos estabelecimentos está abarrotada. Os cerca de 180 Centros de Remoção e Depósito (CRDs) em atividade no Estado têm, atualmente, mais de 94 mil veículos, 45% deles com possibilidade de serem reciclados. A atividade também reduz o impacto ambiental gerado pelos veículos parados há anos nos depósitos e impede o uso indevido de peças.

— Nosso objetivo é que os depósitos tenham espaço adequado para atender as pessoas, reduzindo a poluição visual das cidades. Também queremos evitar que os veículos poluam o solo com seus resíduos e favoreçam a proliferação de insetos — afirma Barbará.

Segundo o Detran, são destinados à trituração veículos abandonados há mais de dois anos e que não podem ser leiloados por restrições administrativas, judiciais ou policiais. Barbará explica que são unidades não identificadas, clonadas ou adulteradas, sem segurança para circular. Também são destinados à reciclagem veículos estrangeiros, queimados ou soldados, máquinas agrícolas sem legalização, bicicletas, motores e peças apreendidos em desmanches. Atualmente, são 42 mil unidades nessa situação nos depósitos gaúchos.

O processo de reciclagem é realizado em quatro locais diferentes. Primeiro, o Detran realiza um levantamento do número de veículos a serem reciclados e estima o peso do material ferroso, que é leiloado na Central de Licitações do Estado (Celic). No último leilão, o quilo do aço foi comprado a R$ 0,36, o dobro do preço de mercado, que gira em R$ 0,18, segundo Barbará. A empresa vencedora da disputa fica responsável por todo o trabalho de reciclagem, que é supervisionado pelo Detran.

Após o leilão, os procedimentos administrativos e pré-operacionais são feitos na sede do órgão. Nos pátios dos depósitos, são realizadas as operações de descontaminação e compactação dos veículos. Conforme Barbará, o processo de descontaminação consiste em retirar do veículo todos os componentes que podem contaminar o solo ou provocar explosões durante a compactação, como combustíveis, óleos, bateria, catalisador e extintor de incêndio.

— Essa etapa é feita por operadores em uma plataforma descontaminadora, que tem o tamanho de um trailer. Nela, é colocado um veículo por vez — explica o responsável pela Divisão de Depósitos.

Segundo o Detran, cada carro leva de 10 a 15 minutos para ser descontaminado, dependendo do seu estado de conservação. Por dia, podem passar pelo processo até 80 veículos.

Ainda no pátio do depósito, é realizada a compactação dos carros, etapa seguinte da reciclagem.  O processo impede o reaproveitamento de peças e reduz o volume dos veículos, o que facilita o transporte.
— O procedimento é feito por um caminhão prensa, que, dependendo do tamanho, pode compactar de um a cinco veículos por vez, o que leva menos de dois minutos. Com isso, um automóvel fica do tamanho de uma geladeira. Os veículos maiores, que não cabem na prensa, são cortados — explica Barbará.
Normalmente, a empresa responsável pela reciclagem faz a descontaminação em um dia, em dezenas de veículos, e volta ao depósito depois, para compactá-los. O material prensado é levado para uma siderúrgica, muitas vezes a própria empresa que arrematou a reciclagem.

Na siderúrgica, os veículos compactados são colocados, em blocos dispostos em fila, em um equipamento que realiza sua trituração e seleção — processo que separa os metais de outros materiais. A separação é realizada por meio de esteiras magnéticas e banhos químicos. Na Gerdau, empresa que venceu o último leilão do Detran para reciclar veículos, as máquinas utilizadas têm capacidade de triturar cerca de 200 carros por hora.
Os resíduos de metal, principalmente o aço, são fundidos e se tornam matéria-prima industrial. Conforme a Gerdau, o processo de fusão do aço chega a 1.500ºC e leva, em média, 40 minutos para transformar a sucata em material líquido. Os outros materiais, como o plástico, são encaminhados para empresas de reciclagem.
Por ser feito em etapas e em dezenas de veículos por vez, o processo de reciclagem pode demorar semanas. Em 2010, quando o projeto iniciou, o Detran reciclou 604 veículos. Três anos depois, em 2013, o número de unidades recicladas saltou para 4.689, um aumento de 659%. Este ano, até meados de outubro, 5.866 veículos passam pelo processo, considerado pelo órgão referência nacional. Desde o início da ação, o acumulado de unidades reaproveitadas chega a 16,8 mil.
Conforme o Detran, o Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado a realizar esse tipo de projeto no país, servindo de inspiração para criação de iniciativas semelhantes no Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Alagoas tem um projeto em fase de implantação e representantes de outros seis estados visitaram o órgão gaúcho para conhecer a ação: Acre, Amapá, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
 

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